Segunda-feira, 19:30h, muita chuva embaixo do toldo no ponto de ônibus, que abrigava muito mais pessoas que sua capacidade. Os corredores de ônibus mal projetados, jogavam água nas pessoas que se empuleravam com seus guarda-chuva coloridos. Na tarde cinzenta, a chuva descia fortemente, as pessoas se entreolhavam nervosas e enxarcadas.
Dois camaradas davam risada no ponto, não havia motivos para chorar. Um deles vira para o outro e pergunta:
- É... onde está o Lula agora?
- É...não sei...
- É.... vai votar nele agora, vai.
E fizeram silêncio.
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O cumpadre e a comadre se acotovelavam dentro do ônibus naquela noite chuvosa. O trânsito era infernal, mas os dois seguiam, se divertindo e dando muitas gargalhas.
- Hoje seu filho faz anos, não é?
- É sim.
- Não vai fazer nada?
- Ah, no final do semana minha mulher vai fazer um forró.
- Sei... vai me chamar não?
- Tô chamando, ué.
- Então eu vou.
- Vai??
- Se vou, você me chamou.
- Mas vc não vai.
- Mas vc tá me chamando, vou lá dançar um forró. E vou levar o meu filho.
- Se vc for lá, vai levar um sopapo.
- Oche, mas eu vou.
E beijaram-se.
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Um homem e uma mulher conversam no corredor apertado do ônibus. Do outro lado do corredor, um sujeito retirou um nokia 9300i e começou a ler seus emails.
- Quando eu comecei na empresa, eu era faxineira. E tinha uma menina lá que me humilhava. Ela sempre pedia para eu pegar cafezinho pra ela, ela me humilhava. Mas um dia, ela foi mandada embora, e meu chefe perguntou se eu podia atender o telefone.
- E aí...?
- Ele disse se eu sabia mexer em computador, eu disse que não, então ele disse 'vai fazer um curso'. Agora eu faço curso de sábado, e estou no mesmo lugar que ela.
O homem riu. A mulher se sentiu lisonjeada.
- Você mexe no computador?
- Um pouco.
- Você tem msn? Eu tenho msn...
- Sei...
- Eu adoro Bruno e Marrone. Meu msn é eu-underlai-adoro-underlai-bruno-e-marrone. Eu fico no computador 24h por dia.
Do outro lado do corredor, o sujeito continuava a ler seus emails, e aprendia com o cobrador o que é anjo-da-guarda enquanto os passageiros brigavam para embarcar no ônibus.
