quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Não está fazendo falta
teu abraço
teu compasso

nada do que não fizeste
me faz falta neste espaço

(out_2006)

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Menino Sensações

Era uma vez um menino que gostava das sensações. As coisas que lhe traziam alguma emoção, seja ela qual fosse, ele guardava para si em sua coleção particular de sensações.
Durante muito tempo o menino sensações guardou em sua caixinha as sensações que conheceu em sua vida, e depois de muitos anos vivendo como uma pessoa normal, o menino sensações percebeu que a vida era muito curta para ser vivida de uma forma normal, e passou a apreciar cada momento de sua vida, aumentando seu repertório de sensações a cada dia.
Com graça e leveza presenteava a todos com seu enorme repertório de sensações. Cada dia levava algo diferente - um sabor, uma frase, um cheiro, um poema, um sorriso, um olhar. Sempre levava no rosto a expressão de um menino curioso por alguma nova sensação que ainda não conhecia. Alguns o amavam e outros o odiavam, justamente por ele ser o menino sensações.
Não é que não o pudessem ver como uma pessoa normal, mas é que cada vez que se chegava mais perto era possível perceber que ele não era uma pessoa como as outras. Era impossível não se sentir atraído! Era praticamente como não exergar o sol.
Às vezes o menino dedicava uma parte do seu tempo para levar sensações a alguém. Não se sabe o motivo, mas ele simplesmente doava o tempo em que poderia descobrir coisas novas para mostrar a alguém as coisas que ele já conhecia. Então abria sua caixinha de sensações e dela saía um mundo de coisas diferentes e inusitadas, como uma caixa de chá de sabores sortidos. Aquele que se beneficiava deste momento, ficava feito inseto diante da luz. Depois de um encontro com o sensações a pessoa nunca mais voltava a ser a mesma. Como drogas alucinógenas, sempre queria mais. O sensações gostava disto, mas vez ou outra a pessoa não voltava a pedir sensações, porque a razão das pessoas normais não permite viver em estado sublime para sempre. Mas o que ele não sabe é que muitas vezes a razão é quem permite que ele seja o menino sensações na vida de alguém.
Pessoas como ele são como borboletas. É raro encontrar com uma, e quando encontra, é muito rápido. Mas aquele momento é quase eterno.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Retalhos

casos
acasos
descasos
pedaços
amassos
amarros
amargos
travados
aos cantos
pelos lados
pelos viéses
do avesso
pela metade
na rabeira
uma chorumela
uma esmola
um quase

nem um beijo

uma frase
um olho
meia mão
meio dedinho
uma unha
um abracinho
um fio de cabelo

nem um beijo

um caso
um acaso
um descaso
um fracasso