segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Diamante de Sangue


Edward Zwick acerta a medida do gosto pós-moderno mais uma vez com Diamante de Sangue. Desde Shakespeare Apaixonado, o romance açucarado que atendeu e muito a demanda da época, o diretor aprimorou sua técnica, trazendo em 2003 o aclamado longa O Último Samurai, que foi um sucesso de bilheteria. Zwick trouxe às telonas uma fórmula repetida e incrementada, e repaginando um clássico da cultura japonesa - agradou em grande estilo. O Último Samurai apela para os valores mais clássicos e arraigados na sociedade (por isso a figura emblemática do samurai). São valores tão primitivos e inerentes aos homens que em muitas sociedades já estão até esquecidos. Grande pedida para a sociedade pós-moderna que gosta e cultiva o retorno ao passado, talvez como uma maneira de encontrar sua identidade.

Diamante de Sangue também segue essa receita, porém trabalha a pseudo-denúncia, que tem sido muito bem aceita já há alguns anos no Brasil; desde os idos de Cidade de Deus. Nada de novo, mas aos olhos da classe média, tudo muito devastador. Não que a denúncia não vale a pena, mas a forma talvez já não seja o meio mais apropriado para atingir seus objetivos.
O filme conta a história e a luta dos povos africanos frente a busca por poder e a exploração desmedida do diamante como moeda de riqueza. Diante dessa tragédia rola um romance pastel que não se concretiza, entre Di Caprio e Connelly (Água Negra). Enquanto isso, o pescador Solomon Vandy vivido por Djimon Hounsou tenta salvar a si e à sua família da separação e da morte.
Tudo estaria bem, não fosse a tentativa descarada de pintar a tela de cor de rosa com paisagens exuberantes e com a dourada pílula do mito do bom selvagem ou o mito do perdão divino. Lá pelas tantas a mensagem que até então habitava a tênue e necessária entrelinha do discurso invade a cena e se transforma no discurso principal, causando no espectador aquela sensação de estar sendo levado no bico. A redenção do personagem principal aos valores humanos pré-capitalistas já era esperada e seria ótimo se não fosse uma reprodução tão mal feita de Conrad em O Coração das Trevas ou se preferir, de Brando em Apocalispe Now: "The horror, the horror". Se em O Último Samurai esta foi a grande sacada que elevou o conceito da trama, em Diamante de Sangue foi aquela gota de perfume a mais que deixa todo mundo enjoado.

Ainda assim vale o play tanto pelo roteiro como pela mensagem. Em tempo: somente se você aprecia a ética, a honra e acima de tudo, o Homem.

Nenhum comentário: