sexta-feira, 23 de abril de 2004

croníca

Era uma noite quente. Os cachorros latiam de loucura e desvairismo. Nada a fazia concentrar-se naquele ensaio sobre Modernismo repleto de informaçoes recem chegadas. Repleto de informaçoes.
A casa estava com cheiros de incensos, incensos, recém-comida, recém-banhada e recém-saída. Quando o marido sai, a casa se enche de um vazio silencioso, uma preguiça inata, tudo se esvai.... sai... tudo flui como o tempo. Mas na noite quente apenas o latido dos cachorros fluíam e a carga de informaçoes que invadiam o cérebro dela deixava seus olhos vesgos. Estava sozinha em casa. O silêncio das casas dos vizinhos era assustador. O não passar do tempo deixava seus olhos vesgos cheios de medo. Por que o marido não chegava?
A hora em que deveria estar em casa já havia passado cinco minutos! Sete minutos! Nào é possível!!------------------------------Silêncio. Os passos pesados dele começam a se aproximar. Ela finalmente se levanta daquele sofa inerte, grudento. Ele gira a chave. O coração dela salta. Finalmente o homem entra em casa e entáo os minutos voltam a andar no relógio. Finalmente a casa se esvazia de cheiros de insensos, de recém-comida, de silêncio, de tudo. A casa se esvazia de mulher e se enche de homem.

Sai camiseta. Sorrisos se abrem, pupilas dilatam, beijos apertados contra a parede. Ela se esmaga na parede contra o corpo dele, apenas o esmaga. Beija, me beija, te beijo, te empurro nesta cama azul cheia de cheiros de amor...
Sai sapatos, meias, calças...cheiros...que cheiros! Coração, coração, coração, coração, coraaa...meu olho, te(u) olho. De cuecas. Te beijo.

A casa se esvazia de tudo. Os olhos voltam às órbitas. Uma gota de suor desiste de saltar a testa. Ela beijou o sono dele, puxou-lhe o lençol ao peito, se deitou ao seu lado e dormiu.

Nenhum comentário: