sexta-feira, 11 de abril de 2008

Levo no peito um coração aberto.

Que minhas fraquezas apareçam, que eu tropece e caia, que meus pulsos se quebrem e meus joelhos fraquejem e que meus calos doam. Que meus cabelos caiam, que minha pele enrugue, que minhas veias se rompam, que meus olhos se apaguem, que meus músculos definhem e minha beleza se acabe.

Que tudo isso aconteça e ainda haja corvos esperando o momento da minha morte para comer minhas entranhas. E que os leões devorem o que restar de minha carne. Que minha vida se acabe e se esvaia em um só momento e que, pelo caminho, minhas pegadas se apaguem e minha memória jamais seja lembrada.

Que minha decendência nunca saiba quem eu fui e nem ao menos para onde fui, e que aqueles que viveram comigo se esqueçam de tudo que vivemos e de tudo que somos.

Que todas as desgraças aconteçam, eu levo no peito um coração aberto! Vivo e vermelho de sangue espesso e quente. Enquanto esse coração bater e enquanto houver ar nos pulmões, meu peito estará livremente aberto pra vida e nenhum sentimento passará em vão, nenhuma emoção será ignorada. Meus dramas serão vividos intensamente e sofrerei muito, sempre, mesmo quando não há nada para chorar.

Por fim, quando tudo acabar e de mim não restar nada, em minha essência saberei que voei leve, etérea e passageira. Que vivi cada átomo em sua potência maior. E que onde pingarem gotas do meu sangue, nascerão borboletas.

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